segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O FILHO DA MISÉRIA

O FILHO DA MISÉRIA

Acorda menino, sai daí!
_ Não posso não senhor
eu não tenho aonde dormir
nem sou filho de doutor.

Nasci na tarimba sem amor
o meu pai, eu nunca conheci
minha mãe, um dia me abandonou
e eu, não tenho para onde ir.

Conheço de dia, a cruel fome
de noite frio e o sereno
já apanhei de certos homens
já tentei beber veneno.

Meus dias são como fera
só querem acabar comigo
tudo pela ganância da terra
deixam-me, a deriva sem abrigo.

Nunca ganhei um brinquedo
roubo se quero comer
roupa rasgada não me é segredo
meu Deus! O que vou ser ao crescer?

Não tenho sono nem sonho
vivo em bancos ah cochilar
nesse mundo cruel e medonho
se esqueceram de me amar.

Não sei o que me espera
nesse universo desigual
ate Deus se viesse na terá
iam lhes receber com o mal.

deixe-me dormir aqui
uma noite meu senhor
sou uma criança frágil assim
que nem Cristo Redentor.

Antonio Montes 28/10/13

1 comentário:

  1. magnífico! a mais amarga realidade do nosso dia a dia... INFELIZMENTE. Muito bonito o poema... Parabéns! Antonio Montes

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