Muito ansiosamente, esperávamos aquele mês de férias tão merecidas;vivíamos na expectativa da chegada dessa data... realizar, o palpável, aquele sonho tão ansiado e esperado!
Mas como podíamos partir de consciência feliz quando soubemos precisarem de voluntários para gratuitamente trabalhar em determinada zona de África em prol de crianças desfavorecidas, necessitadas para além do básico, de apoio a nível de ensino escolar!Fascinou-nos a ideia;um país pobre, gente simples, vida sem luxo e aparatos!!Porque não?Porque não fugir do mundo materialista e consumidor sem escrúpulos?
“Oxalá a pobreza desses meninos seja compensada com muita saúde e felicidade” disse a minha amiga…
Aproximou-se uma menina que me olhou docemente e me disse baixinho “se tivesses tempo, ensinavas-me a escrever?”.Comovida dei-lhe a mão e começamos a nossa labuta.Dezenas de meninos e meninas que não tinham bem maior do que aquele de vir à escola, descalços e sem vaidade, para aprender a ler e a escrever.
No último dia de trabalho, sentia-me abatida por ter de deixar gente tão simples, tão sem maldade, gente humilde e rica de sentimentos…Estando entregue a estes pensamentos uma mãozita levantava uma folha e ouvi...“por isto eu queria aprender a escrever”.Sentei-me, e com ela ao colo lemos a sua carta ao Pai Natal……”Pai Natal de todos os meninos, dá-nos saúde e sabedoria como prendinha de Natal, afasta a fome e as guerras e faz-me acreditar num mundo melhor”…abracei-a e com um sorriso beijei-a carinhosamente enquanto ela serenamente proferia um obrigada.
Compreendi que a felicidade anda mais próxima dos pobres que dos ricos que vivem de ostentação, arrogância e presunção.Compreendi que para se realizar um sonho é preciso querer e acreditar nele…compreendi que este foi na verdade aquele mês de sonho que sonháramos…as nossas férias de Natal. FÁTIMA MEDEIROS
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